quinta-feira, 4 de outubro de 2007

ENSINO BRASILEIRO: UMA LIÇÃO CANHESTRA

A PROPÓSITO - MARCELO ALCOFORADO

marceloalcoforado@speedmais.com.br



Em recente entrevista ao The New York Times, o presidente Luiz Inácio da Silva, acicatando o seu antecessor, disse que, encerrado o seu mandato, não irá fazer um programa de doutorado na Universidade de Harvard. Claro: além dos impedimentos naturais que o presidente enfrentaria, como o não ser graduado nem falar inglês, ainda restaria a desnecessidade. Afinal, tem ele repetido que nunca antes na história deste país, um presidente construiu tantas faculdades. Tantas que, neste ritmo, vão faltar alunos, não pelo excesso de escolas superiores, mas, igualmente, pela incúria para com o ensino básico.

Pelo menos é o que se depreende do que informou, em setembro, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE. Em meio a 36 paísesdesenvolvidos e em desenvolvimento –, diz ela, o Brasil é o país que menos emprega recursos para a área. São US$ 1.303,00 anuais por estudante, cerca de um décimo do que empregam os Estados Unidos, e menos da metade do que investe o Chile, aquele país que, segundo afirmou certa vez o presidente Luiz Inácio da Silva, é uma piada, um país de merda.

Aduz o relatório, que o Brasil foi o país que apresentou a maior disparidade entre os gastos na educação básica e na superior, tanto que, no ensino médio, estamos em último lugar e, no ensino básico, à frente apenas da Turquia. no ensino superior, estamos bem: US$ 9.019,00 por estudante – 18ª posição na OCDE, ombro a ombro com a Espanha e a Irlanda, e acima da Nova Zelândia, Itália e Portugal. Não obstante o crescente número de faculdades, contudo, o Brasil é, dos países pesquisados, o que apresenta o menor percentual de estudantes no ensino superior, apenas 8%. O que, com tantas vagas disponíveis, poderá ensejar o doutorado do presidente da República. Afinal, por aqui sempre se encontrará um jeito de dispensar a graduação, além de ser desnecessário o domínio da língua inglesa.

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